DALTON DI FRANCO

DALTON DI FRANCO
Jornalista, escritor, radialista, administrador de empresas, pós-graduado, professor universitário e Advogado. Ele já foi vereador, deputado estadual e vice-prefeito de Porto Velho (RO)

terça-feira, 24 de agosto de 2010

LGBT e a Bíblia não são incompatíveis”, diz o candidato a deputado estadual Marco Rezende



A discussão acerca da homofobia tomou grande enlevo, em razão, especialmente, do momento eleitoral que vivemos. Somos todos sabedores do grande contingente evangélico em nosso estado e isso tem ditado o ritmo, tem dado a tônica das campanhas.

Eu bem sei que a Bíblia condena o Homossexualismo, e os mais ortodoxos e radicais aplaudem tal fato. Todavia, sei, também, que nas escrituras sagradas está prescrito que não devemos julgar. O julgamento cabe a Deus! Ora, admitirmo-nos julgando nossos irmãos de caminhada é querermos nos igualar a Deus, numa baita insensatez.
Existe uma diferença entre pecados? há pecados maiores que os outros? se o homossexualismo é pecado, também não o seria a prostituição? E o que fez Jesus, o Cristo, com Maria Madalena? A apedrejou, igualmente? Não, Ele A PERDOOU, dizendo: “Vá e não peques mais!” Se Jesus perdoou e não julgou Maria Madalena, quem somos nós, pobres pecadores, para julgarmos alguém?

Em não havendo diferença entre pecados, por que afastarmos a comunidade LGBT e acolhermos os políticos poderosos, porém corruptos, fichas imundas? seria o dinheiro ou o poder que nos fariam aceitá-los? e se esse homossexual, sempre atacado, for um poderoso, o aceitaríamos?

Precisamos entender que nenhum de nós está livre de termos homossexuais em nosso seio familiar ou entre amigos. Já pensaram por qual motivo Deus os colocou para caminhar ao nosso lado? o que temos que aprender ou ensinar? e será esse o maior pecado? Existem aqueles que se escondem atrás de falsas acusações, mas são dotados de pecados tão grandes, tão vergonhosos, de enormes doenças morais, quanto os que acusam nos outros. Vêem o argueiro nos olhos dos outros, mas não enxergam a trave que os embota a visão. Estão se esquecendo do segundo mandamento: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo!”

Em nome de Deus e da família, bandeiras têm sido levantadas, no sentido da marginalização dessa comunidade. Eu entendo que se Jesus voltasse hoje, ficaria horrorizado com as coisas que se propalam em seu nome. O que seria a verdadeira destruição da família? ponhamo-nos a pensar...

Na comunidade científica, em 17 de maio de 1990, a assembléia geral da OMS aprovou a retirada do código 302.0 (Homossexualidade) da Classificação Internacional de Doenças, declarando que “a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão”.
Recentemente, li um excelente artigo, escrito por um cristão, o pastor evangélico René Kivitz, intitulado “Religião, fé e espiritualidade” e recomendo que procurem na internet e o leiam também. Como fiquei maravilhado! olhem o que ele diz: “...O mundo religioso é mestre em fazer a cabeça dos outros. Por isso cada vez mais me convenço que o Cristianismo implica a superação da religião, e cada vez mais me dedico a pensar nas categorias da espiritualidade, em detrimento das categorias da religião.”

Segue o Pastor: “A religião está baseada nos ritos, dogmas e credos, tabus e códigos morais de cada tradição de fé. A espiritualidade está fundamentada nos conteúdos universais de todas e cada uma das tradições de fé. Quando você começa a discutir quem vai para céu e quem vai para o inferno, ou se Deus é a favor ou contra à prática do homossexualismo, ou mesmo se você tem que subir uma escada de joelhos ou dar o dízimo na igreja para alcançar o favor de Deus, você está discutindo religião. O problema é que toda vez que você discute religião você afasta as pessoas umas das outras, promove o sectarismo e a intolerância.

Assim, confrontando as Escrituras, os Direitos Humanos e, principalmente, o bom senso, entendo que precisamos criar meios de evitarmos a exclusão desses irmãos da comunidade LGBT, como se autodenominam. Já sofrem demais pela marginalização que a sociedade os impõe, sofrerem ainda mais com a intolerância e a segregação é demais para qualquer ser humano.

Enfim, sejamos humildes, deixemos de querer ser deuses, os donos da verdade, os bastiões de moralidade, não os julguemos. Toda e qualquer forma de discriminação é abominável e eu combaterei com veemência. O que eu puder fazer para a inclusão dos discriminados lançarei mão. Eu os apóio, contem comigo! afinal, eu não sou Deus!

AUTOR: MARCO REZENDE é candidato a deputado estadual pelo PDT com o número 12312.

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