DALTON DI FRANCO

DALTON DI FRANCO
Jornalista, escritor, radialista, administrador de empresas, pós-graduado, professor universitário e Advogado. Ele já foi vereador, deputado estadual e vice-prefeito de Porto Velho (RO)

sábado, 21 de abril de 2007

No Rio, polícia mata mais e prende menos


21/04/2007 - 09h32

A polícia do Rio prendeu 24% menos e matou 52% a mais nos meses de janeiro e fevereiro, em relação ao mesmo período do ano passado. O número de apreensões de drogas e armas também caíram: 15% e 13% respectivamente. Dos 39 índices de criminalidade pesquisados, houve queda em 29.Os dados, divulgados ontem pelo ISP (Instituto de Segurança Pública), mostram ainda que a taxa de homicídios se manteve praticamente estável --apenas 1% a mais--, caindo 7% no mês de fevereiro, em comparação com o período no ano passado. O número total de registros de ocorrência também se manteve estável nos dois primeiros meses do ano.Na capital, o número de prisões caiu ainda mais em janeiro e fevereiro: 32%. Os autos de resistência (morte em confronto com a polícia) na cidade também cresceram mais do que a média no Estado: 29%. As apreensões de drogas e armas também tiveram uma queda mais acentuada no Rio: 23% e 19%, respectivamente.ResistênciaApós a divulgação dos números de janeiro, no mês passado, o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, afirmou que o crescimento dos registros de autos de resistência mostrava "uma polícia mais ativa e menos reativa"."Obviamente, quando a polícia vai cumprir a sua missão (...) existe o confronto. Infelizmente, a solução para isso não é uma solução boa, é uma solução traumática. (...) Entendo que saímos de uma polícia reativa para uma polícia ativa. Seria muito mais fácil ficarmos parados, esperando as situações acontecerem", afirmara na ocasião.Ontem, Beltrame afirmou que, apesar da diminuição do número de prisões e apreensões de drogas e armas, houve uma melhora na "qualidade" destas atividades policiais."É muito melhor prender dois ou três que transportam seis toneladas de maconha do que 10, 15 vapores da favela. (...) O mesmo vale para as armas. Ao invés de apreendermos não sei quanto revólveres, é melhor apreender uma quantidade menor numericamente de metralhadoras".ÍndicesA queda em 29 dos 39 índices de criminalidade pesquisados não foi comemorado pelo secretário. "Se tivéssemos ido bem em 38 e restasse um, ainda teríamos que melhorar nele". Ele atribuiu o a melhora ao aumento da ostensividade do policiamento.A divulgação da queda no número de prisões, no entanto, mostraria, segundo o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do Rio, João Tancredo, "que a polícia está cada vez mais distante do seu ideal". "A polícia tem que prender, e a Justiça julgar. Parece que a polícia está condenando e executando", afirmou Tancredo.Mais comedida, a antropóloga Alba Zaluar afirmou que a queda nas prisões pode ser uma "boa notícia". "Se as prisões estão seguindo a regra, exigindo mandados, provas, etc, impedindo prisões ilegais, é uma boa notícia. Tem que analisar com mais cuidado que tipo de prisão caiu", afirmou a antropóloga.No entanto, Zaluar lamentou a permanência do aumento de mortos em confronto direto com a polícia. "É lamentável apostar em matar e abdicar da investigação. Fazer polícia não é atividade guerreira", disse.RoubosOs roubos a veículos e a residências caíram nos dois primeiros meses do ano 3% e 14%, respectivamente. Já os assaltos a transeuntes aumentaram 25% no Estado do Rio de Janeiro --na capital, o aumento foi de 22%. Estes são os principais crimes apontados por especialistas como variáveis para a "sensação de segurança" da população.Ao menos 40 policiais foram mortos apenas este ano, a maioria à paisana. Alguns fora de serviço foram mortos quando identificados como policiais. Três mortes em serviço ocorreram nos meses de janeiro em fevereiro.

ITALO NOGUEIRA

Colaboração para a Folha de S.Paulo, no Rio

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